Deputados do Tocantins votam a favor do 'PL da Devastação'; veja o que muda
Texto segue agora para sanção ou veto presidencial
Por Arimateia Jr
Publicado em 18/07/2025 07:31
Politica
Todos os 8 deputados federais do Tocantins votaram a favor do projeto / Foto: Divulgação

Fonte: AF Noticias

A Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17/07), o Projeto de Lei 2159/2021, que altera de forma significativa as regras do licenciamento ambiental no Brasil. A proposta, aprovada por 267 votos a 116, tem gerado preocupação entre especialistas e organizações da sociedade civil, que apontam possíveis riscos à proteção ambiental e aos direitos de comunidades tradicionais. O texto segue agora para sanção ou veto presidencial.

A votação ocorreu em formato híbrido — presencial e remoto — no último dia de trabalho do Legislativo antes do recesso parlamentar. Entre os parlamentares que votaram a favor do projeto estão os oito deputados federais do TocantinsAlexandre Guimarães (MDB), Antonio Andrade (Republicanos), Carlos Gaguim (União Brasil), Eli Borges (PL), Filipe Martins (PL), Lázaro Botelho (PP), Ricardo Ayres (Republicanos) e Vicentinho Júnior (PP).

O que muda com o projeto

O PL 2159/21 propõe a substituição de parte do atual processo de licenciamento por um modelo mais simplificado, com uso de sistema eletrônico e declarações do próprio empreendedor. Uma das principais mudanças é a criação da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), que pode dispensar a apresentação de estudos técnicos ou a análise prévia por órgãos ambientais em determinados casos.

A nova sistemática também flexibiliza exigências para empreendimentos em áreas sensíveis, como territórios indígenas, comunidades tradicionais e Unidades de Conservação, além de permitir atividades sem a obrigatoriedade de outorga para uso de recursos hídricos — ponto que preocupa estados como o Tocantins, onde já há conflitos relacionados ao uso da água, como no caso do Rio Formoso.

Outro aspecto criticado é o possível desrespeito ao artigo 225 da Constituição Federal, que exige estudo de impacto ambiental para atividades com potencial de causar danos significativos ao meio ambiente. Especialistas também alertam para a violação do chamado princípio da vedação ao retrocesso ambiental, presente na jurisprudência brasileira.

Reações

Organizações ambientais e movimentos sociais se posicionaram de forma crítica à aprovação do projeto. A Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática, formada por 15 entidades da sociedade civil, classificou a medida como um distanciamento entre os interesses públicos e as decisões políticas.

“Estamos em ano de COP30, com o Brasil sendo chamado a liderar uma transição justa. O Tocantins tem destaque nos índices de desmatamento, e esse tipo de flexibilização pode ampliar a vulnerabilidade do Cerrado sem mecanismos de responsabilização adequados”, afirma nota da coalizão.

Segundo a organização, o novo modelo privilegia interesses privados e pode dificultar o controle de impactos ambientais de empreendimentos de médio e grande porte, especialmente em estados que enfrentam desafios estruturais de fiscalização e gestão ambiental.

Próximos passos

O texto aprovado será agora encaminhado à Presidência da República. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode sancionar o projeto integralmente ou vetá-lo total ou parcialmente. Parte do governo federal, inclusive o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, já havia se posicionado contra pontos considerados sensíveis do projeto.

Enquanto isso, setores da sociedade civil organizam mobilizações e ações jurídicas para tentar barrar ou mitigar os efeitos da proposta, caso ela entre em vigor. Já os defensores do projeto argumentam que ele traz mais agilidade aos processos e estimula investimentos em infraestrutura e no agronegócio, ao reduzir burocracias

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