Tomar decisões mais assertivas, atrair investimentos com base em evidências, fortalecer a pesquisa científica e ampliar a transparência de informações. Esses são os objetivos imediatos do Data Nordeste, portal lançado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) nesta terça-feira (9).
A plataforma centraliza, em um único ambiente digital, indicadores sociais, econômicos e ambientais antes dispersos, promovendo a democratização da informação e fornecendo inteligência estratégica para governos, empresas e cidadãos. O acesso está disponível em datanordeste.sudene.gov.br.
O Data Nordeste disponibiliza dados em áreas como saúde, educação, economia, renda e meio ambiente, com recortes territoriais específicos, incluindo o Semiárido, a Caatinga e toda a área de atuação da Sudene. O desenvolvimento contou com apoio técnico do Observatório da Caatinga e Desertificação da UFCG, responsável pela estrutura tecnológica, e do IBGE, reforçando o caráter colaborativo da iniciativa.
Para o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, a plataforma representa um marco para o desenvolvimento regional. “Informação é essencial para a tomada de decisão, para a produção de políticas públicas, para as decisões empresariais. Esse portal ajuda a fazer isso”, destacou.
Avanços e desafios do uso de dados
Durante o lançamento, o pesquisador e empreendedor Ricardo Cappra, referência internacional em cultura analítica e transformação digital, ressaltou a importância crescente dos dados na gestão pública e privada. Ele observou que profissionais de Business Intelligence têm migrado de funções técnicas para posições estratégicas de liderança.
Apesar disso, lembrou que ainda há entraves na cultura organizacional. “Quando a narrativa pesa mais que os dados, há manipulação da realidade; quando os dados se sobrepõem sem contexto, perdemos a compreensão do que está em jogo”, alertou. Segundo Cappra, embora a tecnologia tenha acelerado o acesso a informações, mais de 70% das decisões de negócios seguem baseadas em percepções, e não em evidências.
Ele acrescentou que o Data Nordeste fortalece a participação cidadã e contribui para uma sociedade mais orientada por evidências.
Ferramentas e recursos do portal
O ambiente digital foi desenhado para atender gestores, empresários e pesquisadores. Entre os recursos estão painéis interativos (dashboards), boletins temáticos, datastories que combinam estatísticas, mapas e gráficos interativos, além de aplicações georreferenciadas como o SigMapas e o Observatório da Caatinga e Desertificação (OCA).
A geógrafa Ludmilla Calado, da Unidade de Estudos e Pesquisas da Sudene, destacou a segurança técnica como um dos diferenciais do portal. “É um ambiente inovador, dinâmico e integrado, pensado para transformar estatísticas em conhecimento acessível e estratégico”, afirmou.
Parcerias institucionais
O presidente do IBGE, Márcio Pochmann, destacou a importância da plataforma para o planejamento público.
“Esse é um passo muito importante dado pela Sudene. Plataformas como essa ampliam o acesso a dados contínuos e estruturados, que permitem aos brasileiros conhecer melhor o nosso território. Elas reforçam a soberania nacional sobre a produção estatística e nos ajudam a tomar decisões a partir da nossa própria realidade, antecipando as causas dos problemas em vez de apenas reagir às suas consequências”, disse.
Já o professor John Cunha, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e coordenador do OCA, ressaltou o papel da universidade na construção do projeto.
“O Data Nordeste mostra a importância de acreditar na força da universidade pública e de unir diferentes públicos de interesse em torno do futuro do Nordeste. Ele oferece evidências sobre o território, ajuda a identificar áreas prioritárias para a ação e garante transparência em um momento em que a verdade nem sempre está evidente”, afirmou.
O lançamento reuniu representantes de órgãos públicos, setor produtivo e comunidade acadêmica, consolidando o Data Nordeste como ferramenta estratégica para o planejamento e o fortalecimento do desenvolvimento regional.
Fonte: Gov.br
