Justiça cassa mandato de prefeito e vice por abuso de poder
Houve também compra de votos
Por Arimateia Jr
Publicado em 06/07/2025 11:16
Politica
Presidente da Câmara assume interinamente gestão da cidade

A Justiça Eleitoral da 28ª Zona de Miranorte cassou os diplomas do prefeito de Barrolândia, João Machado Alves, conhecido como João do Supergiro (UNIÃO), e do vice, Neusimar dos Reis (Republicanos), eleitos em 2024. A sentença, assinada no dia 4 de julho pelo juiz Ricardo Gagliardi, reconheceu a prática de abuso de poder político e econômico, incluindo compra de votos, contratações temporárias em massa e manipulação de concurso público para favorecer aliados.

Além da cassação, o juiz declarou os dois políticos e o ex-prefeito Adriano José Ribeiro inelegíveis por oito anos e impôs multa individual de 30 mil UFs. Também determinou que, após o trânsito em julgado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO) convoque eleições suplementares. Até lá, o presidente da Câmara Municipal deverá assumir interinamente a administraçã

 

A ação foi movida pela coligação Juntos Faremos Mais, da ex-candidata Leila Rocha (PV), e contou com parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE), assinado pela promotora Priscilla Karla Stival Ferreira, que reforçou as acusações com mais de 60 páginas de fundamentação.

PRINCIPAIS IRREGULARIDADES APONTADAS

Segundo o juiz, houve "farta comprovação de condutas ilícitas", entre elas:

  • Pagamento de R$ 500 a eleitores e promessa de R$ 2 mil para compra de um portão;

  • Emissão de prontuários médicos falsos para legitimar transferências irregulares de domicílio eleitoral;

  • Aumento de mais de 30% nos contratos temporários em ano eleitoral;

  • Concurso público manipulado, com beneficiamento de contratados temporários, incluindo alteração no edital para atribuir pontuação extra a quem já trabalhava na prefeitura.

O concurso está sob investigação por possíveis fraudes. Dos 177 aprovados, 164 já ocupavam cargos temporários, e o MPE aponta que muitos foram favorecidos por mudanças nas regras em novembro de 2024. Há ainda relatos de candidatos inicialmente desclassificados que apareceram posteriormente como aprovado.

ESQUEMA ESTRUTURADO

De acordo com o parecer do MPE, o esquema envolveu uma série de práticas ilegais, como:

  • Compra de votos com dinheiro vivo e benefícios médicos;

  • Troca de favores políticos por cargos públicos e contratações temporárias;

  • Pressão sobre servidores contratados para que apoiassem a candidatura da base aliada;

  • Distribuição de vantagens para substituição de adesivos de campanha.

Segundo a promotora, o ex-prefeito Adriano Ribeiro teve papel relevante nas articulações, sendo citado como mentor da estrutura política montada para garantir a vitória do grupo no pleito.

"Mostra-se evidente que houve fraude no concurso público para beneficiar interesses pessoais e políticos, e angariar votos", afirmou Priscilla Ferreira.

A decisão é de primeira instância e cabe recurso ao TRE-TO. No entanto, a inelegibilidade do prefeito, do vice e do ex-prefeito projeta uma reviravolta no cenário político local, abrindo espaço para novas lideranças em uma eleição suplementar.

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