A quarta fase da Operação Overclean, da Polícia Federal, deflagrada nesta sexta-feira (27), colocou sob investigação o deputado federal Félix de Almeida Mendonça Júnior (PDT-BA). O parlamentar baiano é agora apontado como parte de um dos principais núcleos do esquema que apura fraudes em licitações, superfaturamento e desvio de emendas parlamentares destinadas a municípios da Bahia.
Embora não tenha sido alvo de mandados de busca e apreensão, Mendonça Júnior aparece relacionado diretamente a três prefeitos afastados de suas funções por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Todos possuem vínculo político com o deputado e atuam nas cidades de Boquira, Ibipitanga e Paratinga — epicentros do esquema que mobilizou 16 mandados de busca e três medidas cautelares de afastamento.
Fraudes em licitações e esquema milionário de corrupção - A investigação da Polícia Federal, considerada uma das maiores já realizadas na Bahia, aponta que o núcleo político atuava, entre 2021 e 2024, na liberação de emendas parlamentares para os municípios investigados, mediante pagamento de propina. Em paralelo, os investigados manipulavam processos licitatórios e contratos administrativos, num esquema que envolve empresários, gestores municipais e autoridades com foro privilegiado.
Os crimes investigados incluem organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e contratos, além de lavagem de dinheiro.
Uso de avião investigado por deputados federais - Outro ponto central da investigação é o uso de uma aeronave pertencente ao empresário Alex Parente, apontado como operador do esquema. O avião, que teria sido utilizado em diversas viagens para fins de articulação política, aparece em planilhas apreendidas pela PF com nomes de passageiros ligados ao grupo investigado, entre eles três deputados federais baianos: Félix Mendonça Júnior (PDT), Elmar Nascimento (União Brasil) e Antônio Brito (PSD).
Segundo a PF, a aeronave era usada para transportar dinheiro em espécie. Em uma das apreensões, R$ 1,5 milhão foram localizados em Brasília. A origem e o destino dos valores ainda estão sendo rastreados.
Esquema pode alcançar R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos - As investigações, conduzidas em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), já identificaram mais de R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos, muitos deles firmados com o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
Diante do envolvimento de parlamentares com foro, o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal em janeiro deste ano. Com os novos desdobramentos, a PF se aproxima do núcleo político da rede de corrupção. A lista completa de investigados permanece sob sigilo.
Todos os citados na investigação negam envolvimento em irregularidades. A Polícia Federal continua analisando os documentos e transações bancárias identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Fonte: Metrópoles