BR-010: 'Ponte da Morte' segue ceifando vidas no Tocantins
Trecho já tirou muitas vidas, como da jovem Anielly Ribeiro; moradores cobram solução
Por Arimateia Jr
Publicado em 08/05/2025 22:08
Politica
Trecho já tirou muitas vidas, como da jovem Anielly Ribeiro; moradores cobram solução

Por Auro Giuliano  (AF Notícias)

Uma curva sinuosa, um trecho esburacado e uma ponte precária e bastante estreita com sinais de abandono. Esse é o cenário de um trecho da BR-010, em Goiatins, e na rota de cidades como Barra do Ouro, Itacajá e Campos Lindos, região forte no agronegócio. O local já é conhecido por moradores e motoristas como a "Ponte da Morte" – um símbolo de negligência e tragédias anunciadas.

Há décadas, a população vem denunciando as condições precárias da travessia sobre o Rio Aldeia Grande. A estrutura, desalinhada em relação ao eixo da estrada, carece de sinalização e manutenção, transformando-se em uma armadilha para motoristas. 

Recentemente, a ponte foi palco de mais uma fatalidade: a jovem Anielly Ribeiro Figueredo, de 27 anos, morreu após um acidente de moto no local, somando-se a uma lista de vítimas que inclui tantos outros nomes, aumentando as estatísticas.

Essa ponte também interrompeu os sonhos do seminarista da Igreja Católica Luciano dos Santos Dantas, aos 37 anos, em abril de 2022, e do produtor rural Laury Luiz Camera, de 54 anos, em janeiro de 2023.

Neste caso, a omissão é geral, tanto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) quanto de deputados federais, senadores, Governo do Estado e de toda a classe de representantes políticos.

Ponte fica numa rota importante para o agronegócio

Ponte fica numa rota importante para o agronegócio

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

"Desde que me entendo por gente, essa ponte está assim", desabafa Thalissa Heloísa, que perdeu o pai em um acidente no local. "Quantas famílias precisam chorar para que alguém faça algo?". Relatos como o dela se multiplicam nas redes sociais e em grupos de moradores. Evercino Neres, que visitou o local no último domingo (4/5), descreve: "É um convite ao desastre. Só aplainaram os buracos, mas a ponte continua uma sentença de morte". 

O perfil @goiatinstemhistoria ganhou destaque ao fazer um postagem chamando a atenção para a situação: "Brasília foi erguida em cinco anos, mas aqui, décadas se passam sem um metro de concreto que garanta segurança".  

Enquanto a população cobra ações, as respostas são vagas. O DNIT afirma que monitora a estrutura e prioriza intervenções emergenciais, mas não há prazo para reformas. Já a prefeitura de Goiatins, responsável por pressionar o governo estadual e, juntos, cobrar ações da esfera federal, é também acusada de omissão. "Cadê o ‘amor pela cidade’ dos palanques?", questiona um morador. 

Ponte em situação precária já causou vários acidentes fatais

Ponte em situação precária já causou vários acidentes fatais

TURISMO OU PESADELO

A rodovia, que deveria ser rota de progresso, sobretudo pela pujança do agro, assusta até quem pensa em visitar a região. "Como falar em turismo se a entrada da cidade é uma roleta-russa?", indigna-se Kevia Brito, cuja família já perdeu conhecidos no local.  

Enquanto autoridades se limitam a discursos, o rastro de sangue continua. A pergunta que ecoa entre os moradores é: “Quantos mais precisam morrer para que a Ponte do Rio Aldeia deixe de ser um monumento ao descaso?”

Nota do Dnit na íntegra:

“O DNIT informa que em todo o país as pontes e os viadutos sob jurisdição da autarquia estão sendo inspecionadas e aquelas que necessitam de obras mais urgentes estão tendo seus processos priorizados. A autarquia já realiza o monitoramento da estrutura em tela, de forma a verificar a necessidade de manutenção mais urgente, bem como para inspecionar as condições da sinalização e, se necessário, efetuar a complementação da Obra de Arte Especial (OAE).”

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